A viagem de trem
Ouvi certa vez, uma analogia que comparava a vida a uma
viagem, não me lembro dos detalhes, mas ainda sim gostaria de fazer um
paralelo, entre nossas experiências de vida e uma viagem de trem. Nos últimos anos, sempre que fui convidado
para falar sobre experiências desafiadoras, compartilhei essa minha visão.
Os 70, 80 ou 90 anos de vida de um indivíduo podem ser
comparados ao período de uma viagem de
trem.
Compra-se uma passagem com o objetivo de chegar a um
determinado lugar. Chegamos a esta vida
com um bilhete de ida e volta, sem
nem uma lembrança passada, mas certos de
que em algum momento a deixaremos para ir a outro lugar.
Embarcamos em uma estação, depois de algum tempo de espera
por nosso transporte. Ano após ano, desenvolvemos
entre muitas qualidades a paciência, pois
tudo na vida tem seu tempo e, a maioria das experiências vividas têm seu
momento certo e não podem ser
abreviadas ou adiantadas.
Embarcamos rumo a um trajeto muitas vezes pouco conhecido ou
no mínimo passível de surpresas. No
caminho da vida, muito se imagina, mas poucas coisas podem ser ditas com total
segurança, com o passar do tempo tudo muda e depois de mais algum tempo, mudam
novamente.
Ao sentarmos em nosso lugar, encontramos pessoas estranhas
que se tornam conhecidas e que farão a viagem conosco. Muitas pessoas ao longo dos anos cruzam o
nosso caminho, algumas delas aprendemos a apreciar, outras aprendemos a amar,
um grande número delas deixam suas marcas em nossa viagem por este mundo.
Olhamos pela janela e a paisagem muda, algumas vezes são
áridas, chove, amanhece e escurece, existem paisagens dignas de
contemplação. Ao olharmos para nossas
experiências, nem sempre elas são lindas e coloridas, muitas vezes são cinzas e
dolorosas. Certamente se avaliarmos profundamente, em todos os momentos vividos
teremos conseguido aprender algo importante.
O trem dá solavancos.
Algumas vezes aprendemos do jeito mais difícil, somos jogados para
frente e para trás, para cima e para baixo, testados em nossa fé e na
capacidade de sermos resilientes, isto
nos ajuda a valorizar os momentos de tranquilidade e paz.
O trem para em algumas estações permitindo que alguns entrem
e outros saiam. Algumas pessoas
conhecidas, apreciadas ou amadas, chegam a nossa vida e tornam-se parte da família e, outras partem do nosso convívio,
para outra esfera mais elevada.
Finalmente o trem chega a sua última estação e então
descemos com nossa bagagem. Começamos a vida sem certezas, terminamos da mesma
maneira. Mas depois de passarmos por essa viagem, trazemos na mente e no
coração uma bagagem gigantesca de experiências, que vão permanecer conosco e
que, certamente nos darão a certeza de estarmos no lugar certo e de ter valido
a pena todo o tempo da viagem.
Esta viagem é passageira e como diz a música de Kleiton e
Kledir:
Não adianta escrever meu nome n'uma
pedra,
Pois essa pedra em pó vai se transformar,
Você não vê que a vida corre contra o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar
Pois essa pedra em pó vai se transformar,
Você não vê que a vida corre contra o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar
Mas ainda assim vale
a pena ser vivida com intensidade, apesar da brevidade do tempo que temos.
Como você se sente nesta viagem que a vida lhe proporciona?
Tem apreciado as imagens vistas pela janela de seus olhos? E seu coração está
aberto para receber e doar?
Boa reflexão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário